Imagine uma corrida distópica em que adolescentes caminham até caírem — literalmente — sob o olhar cruel de um regime. The Long Walk, dirigido por Francis Lawrence, adapta o romance arrepiante de Stephen King para um thriller de ficção científica cru e envolvente que já está a ser aclamado como um dos melhores de 2025. Lançado em 15 de setembro de 2025, ele transforma uma premissa simples — caminhar ou morrer — numa exploração assombrosa do poder, do desespero e da humanidade. Recém-saído de The Hunger Games, Lawrence cria uma história brutal, mas íntima, que ofusca até mesmo a última temporada de Squid Game. Aqui estão três razões pelas quais este filme é imperdível para o público português que anseia por uma experiência cinematográfica instigante.
1. Uma nova abordagem a um romance cru e não convencional
Escrito por King aos 19 anos e publicado em 1979 como Richard Bachman, The Long Walk capta a angústia juvenil crua e a decadência social. Lawrence aproveita isso, transformando uma história minimalista de 50 adolescentes — um por cada estado dos EUA — caminhando incessantemente a 5 km/h ou enfrentando a execução numa reflexão severa sobre a opressão. O argumento de JT Mollner combina o foco de King na miséria com uma urgência visceral, tornando cada passo uma descida ao desespero.
Ao contrário das arenas chamativas de The Hunger Games, esta distopia é austera: sem o brilho da televisão, apenas estradas intermináveis e um contador de morte a contar. O estilo cru de Lawrence — filmando a exaustão e o colapso mental — reflete a própria história de resiliência de Portugal sob pressão, fazendo com que ressoe profundamente. É inquietante, mas fascinante, como ver a alma de uma nação desmoronar-se numa estrada poeirenta.
Sinta isso: imagine caminhar pelas colinas do Porto sem fim — Lawrence faz você sentir esse esforço.
2. Personagens com os quais nos identificamos num mundo brutal
O coração de The Long Walk é o seu elenco — adolescentes forçados a uma marcha mortal, cada um carregando sonhos e medos. Ray (Cooper Hoffman) não é um herói clichê; sua humanidade tranquila equilibra o caos. A sua ligação com Peter (David Jonsson), cujo otimismo desafia as circunstâncias sombrias, forma um núcleo emocional que atinge com força. Personagens secundários como a sagacidade de Hank (Ben Wang), o secretismo de Stebbins (Garrett Wareing) e a vulnerabilidade de Curly (Roman Griffin Davis) dão corpo a uma América destruída, com as suas mortes fugazes a permanecerem com peso.
Para os espectadores portugueses, estas crianças ecoam as lutas da juventude que enfrenta pressões sistémicas — pense nos estudantes de Lisboa que perseguem sonhos numa economia difícil. Lawrence evita glorificar a violência, mostrando-a como desumanizante, fazendo com que cada perda pareça pessoal. É um golpe no estômago que honra o talento de King para personagens reais e imperfeitos.
Conecte-se: imagine-se a criar laços com um amigo sob stress — estas relações sustentam o filme.
3. Uma lente aterradora sobre a ganância e o controlo
Ambientado num Midwest desolado, The Long Walk aprisiona os caminhantes numa prisão aberta de estradas vazias e campos áridos, com um contador no ecrã a registar quilómetros e dias — uma referência arrepiante aos reality shows voyeurísticos. Os poucos espectadores civis, esfarrapados e quebrados, sugerem uma nação esmagada pela guerra e pela tirania, amplificando o terror da distopia. É um espelho das reflexões de Portugal sobre a liberdade pós-ditadura.
O sinistro Major de Mark Hamill, com óculos escuros e discursos cínicos, personifica o poder frio, assustadoramente relevante para qualquer sociedade cautelosa com o controlo. No entanto, o terno vínculo entre Ray e Peter oferece esperança em meio ao horror, fundamentando a história em pequenos atos de bondade. O foco de Lawrence na fadiga e no medo — sem necessidade de explosões — torna a distopia perturbadoramente real, um aviso sobre onde a ganância e o poder levam.
Reflexão: Pense em suportar uma maratona com riscos tão altos — é um forte alerta.
Por que Portugal não deve perder The Long Walk
The Long Walk não é apenas mais uma adaptação de King — é uma aula magistral em narrativa distópica, misturando emoção crua, visuais marcantes e uma crítica ao poder que ecoa além das fronteiras. Para o público português, os seus temas de resiliência e conexão humana são muito próximos, enquanto o seu olhar firme sobre a decadência social suscita reflexão. Disponível em cinemas ou em streaming em breve, é uma viagem assombrosa que vale a pena fazer. Compre um bilhete — sinta o peso de cada passo e o pulso de uma história que permanece.